terça-feira, 29 de abril de 2014

NUDISMO/NATURISMO NA MÁQUINA DO TEMPO





A Máquina do Tempo é o nome do 6º livro de Anaximandro Amorim lançado no dia 24/04/14 no Café com Letras, e não poderia deixar de prestar a minha homenagem ao amigo que sempre esteve presente, ou representado pelos seus pais, dando apoio a outros escritores e participando também com seus dons artísticos cantando maravilhosamente para todos.

O autor é membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras e da Academia de Letras e Artes da Serra. Também é membro da Academia Espirito-Santense de Letras e da Academia de Letras Humberto de Campos de Vila Velha-ES. Trata-se de diversas crônicas de sua autoria publicadas em seu blog e no Jornal da cidade. A leitura do livro me fez também relembrar algumas passagens na minha vida entre elas cito: No “13 de Julho, dia Mundial do Rock’n’Roll” que diferente de Anaximandro, fui músico e tinha um conjunto musical e péssimo cantor, minha frustração! E no “Meu primeiro carro” que o dele foi um Escort e não consigo esquecer o meu Chevette. Em “A Máquina do Tempo” não pude deixar de relembrar a IBM 82-C que tinha uma coleção de esferas para ter letras diferentes, bom essa era a moderna, tinha também uma Remington daquelas bem...deixa prá lá, não existe mais, exceto em museus.

Para meu espanto, logo que vi a crônica “O direito de envelhecer” não pude resistir em fazer um breve comentário, o que também me fez lembrar do artigo escrito pelo Laércio Júlio da Silva em 01/08/2009 ‘A Beleza que ameaça a juventude”. Ambos mostrando uma ilusão que torna o indivíduo prisioneiro de um sistema que privilegia a estética. Cita ele: Vivemos cercados por uma patrulha velada, a da chamada “ditadura da beleza”. Ela é pior que qualquer caudilho pois consegue estar, eficazmente, em todos os lugares, nos apelos comerciais, nas tevês e nas revistas. É um padrão praticamente inalcançável, que está fabricando uma massa de infelizes.

No meu pronunciamento diante de muitos poetas e escritores citei também a importância da pele humana fazendo referência ao livro “Tocar –O Significado Humano da Pele” de Ashley Montagu em que diz: É até certo ponto espantoso que aquele depósito de parcela tão significativa do espírito humano sensível – a saber, a poesia -, da qual seria possível esperar um profundo e sofisticado entendimento das funções da pele humana, se mostre tão desapontadoramente estéril. Foram escritos poemas para celebrar praticamente todas as partes do corpo, mas a pele, inexplicavelmente, parece ter sido negligenciada, como se não existisse. John Horder, poeta e escritor inglês, comentou esse ponto. Num artigo intitulado “Hugging Humans” (Humanos Abraçando) ele se queixa do fato de muitos dos mais prezados poetas ingleses permanecerem encapsulados em seus intelectos, mantendo com alta frequencia um relacionamento muito precário com seu corpo físico.
Ficou assim a minha sugestão aos intelectuais para que também atentassem que a pele que nos cobre pode muito bem ser motivo para a poesia.

Lembrei não publicamente do livro de Maciel de Aguiar em “Nós, Os Capixabas”, descrevendo a biografia de muitos nomes que fizeram a sua história, entre eles a Luz Del Fuego (Madrinha do Naturismo Brasileiro). Escreve ele que no auge da fama ela disse que “Só cinqüenta anos depois de morta serei lembrada em meu Estado natal”. Faltando poucos anos para confirmação ou não de sua profecia, em Cachoeiro de Itapemirim ainda não existe sequer uma rua com seu nome e muito menos já lhe prestaram homenagem. Após mais de quatro décadas de seu encantamento, que consternou o País, alguns cidadãos da “capital secreta do mundo” também foram esquecidos, embora outros tenham sido homenageados por merecimento.

Continua ele: Possivelmente, no Estado do Espírito Santo, cinqüenta anos não devam ser mesmo um tempo suficiente para se expurgar os resquícios do rancor, da ingratidão e do preconceito contra uma das mulheres mais corajosas e destemidas de seu tempo. Porém bem que sua memória merecia um ato de atrevimento de um cachoeirense justo, solidário e generoso. Deveria ser afixada, no local mais visível da cidade, a seguinte frase: “Aqui nasceu Luz Del Fuego, a luz que iluminou a alma libertária do Brasil e encantou o mundo”.

Obrigado Anaximandro, a sua máquina me permitiu viajar no tempo e de reconhecer que a verdadeira máquina são as nossas lembranças e o reconhecimento daqueles que antes foram desbravadores. Para a nova geração uma lenda, para mim uma eterna gratidão.


Evandro Telles
29/04/14



Nenhum comentário:

Postar um comentário