A
Máquina do Tempo é o nome do 6º livro de Anaximandro Amorim lançado no dia
24/04/14 no Café com Letras, e não poderia deixar de prestar a minha homenagem
ao amigo que sempre esteve presente, ou representado pelos seus pais, dando
apoio a outros escritores e participando também com seus dons artísticos
cantando maravilhosamente para todos.
O
autor é membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras e da Academia
de Letras e Artes da Serra. Também é membro da Academia Espirito-Santense de
Letras e da Academia de Letras Humberto de Campos de Vila Velha-ES. Trata-se de
diversas crônicas de sua autoria publicadas em seu blog e no Jornal da cidade. A
leitura do livro me fez também relembrar algumas passagens na minha vida entre
elas cito: No “13 de Julho, dia Mundial do Rock’n’Roll” que diferente de Anaximandro,
fui músico e tinha um conjunto musical e péssimo cantor, minha frustração! E no
“Meu primeiro carro” que o dele foi um Escort e não consigo esquecer o meu Chevette.
Em “A Máquina do Tempo” não pude deixar de relembrar a IBM 82-C que tinha uma
coleção de esferas para ter letras diferentes, bom essa era a moderna, tinha
também uma Remington daquelas bem...deixa prá lá, não existe mais, exceto em
museus.
Para
meu espanto, logo que vi a crônica “O direito de envelhecer” não pude resistir
em fazer um breve comentário, o que também me fez lembrar do artigo escrito pelo
Laércio Júlio da Silva em 01/08/2009 ‘A Beleza que ameaça a juventude”. Ambos
mostrando uma ilusão que torna o indivíduo prisioneiro de um sistema que
privilegia a estética. Cita ele: Vivemos cercados por uma patrulha velada, a
da chamada “ditadura da beleza”. Ela é pior que qualquer caudilho pois consegue
estar, eficazmente, em todos os lugares, nos apelos comerciais, nas tevês e nas
revistas. É um padrão praticamente inalcançável, que está fabricando uma massa
de infelizes.
No
meu pronunciamento diante de muitos poetas e escritores citei também a
importância da pele humana fazendo referência ao livro “Tocar –O Significado Humano
da Pele” de Ashley Montagu em que diz: É até certo ponto espantoso que aquele
depósito de parcela tão significativa do espírito humano sensível – a saber, a
poesia -, da qual seria possível esperar um profundo e sofisticado entendimento
das funções da pele humana, se mostre tão desapontadoramente estéril. Foram
escritos poemas para celebrar praticamente todas as partes do corpo, mas a
pele, inexplicavelmente, parece ter sido negligenciada, como se não existisse.
John Horder, poeta e escritor inglês, comentou esse ponto. Num artigo
intitulado “Hugging Humans” (Humanos Abraçando) ele se queixa do fato de muitos
dos mais prezados poetas ingleses permanecerem encapsulados em seus intelectos,
mantendo com alta frequencia um relacionamento muito precário com seu corpo
físico.
Ficou
assim a minha sugestão aos intelectuais para que também atentassem que a pele
que nos cobre pode muito bem ser motivo para a poesia.
Lembrei
não publicamente do livro de Maciel de Aguiar em “Nós, Os Capixabas”, descrevendo
a biografia de muitos nomes que fizeram a sua história, entre eles a Luz Del
Fuego (Madrinha do Naturismo Brasileiro). Escreve ele que no auge da fama ela
disse que “Só cinqüenta anos depois de morta serei lembrada em meu Estado natal”.
Faltando poucos anos para confirmação ou não de sua profecia, em Cachoeiro de
Itapemirim ainda não existe sequer uma rua com seu nome e muito menos já lhe
prestaram homenagem. Após mais de quatro décadas de seu encantamento, que
consternou o País, alguns cidadãos da “capital secreta do mundo” também foram
esquecidos, embora outros tenham sido homenageados por merecimento.
Continua
ele: Possivelmente, no Estado do Espírito Santo, cinqüenta anos não devam ser
mesmo um tempo suficiente para se expurgar os resquícios do rancor, da
ingratidão e do preconceito contra uma das mulheres mais corajosas e destemidas
de seu tempo. Porém bem que sua memória merecia um ato de atrevimento de um
cachoeirense justo, solidário e generoso. Deveria ser afixada, no local mais
visível da cidade, a seguinte frase: “Aqui nasceu Luz Del Fuego, a luz que
iluminou a alma libertária do Brasil e encantou o mundo”.
Obrigado
Anaximandro, a sua máquina me permitiu viajar no tempo e de reconhecer que a
verdadeira máquina são as nossas lembranças e o reconhecimento daqueles que
antes foram desbravadores. Para a nova geração uma lenda, para mim uma eterna gratidão.
Evandro
Telles
29/04/14
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