Tal difamação presumivelmente
derivada do que ele escreveu:
“O sol sobre a pele exposta tem efeito
extremamente saudável. Além do mais, qualquer pessoa que já tenha visto
crianças correndo de um lado para o outro a céu aberto, sem roupas, deve ter se
surpreendido com o fato de que elas mantêm um melhor equilíbrio e se movem com
mais liberdade e mais graça do que quando estão vestidos. A mesma coisa se
aplica aos adultos. O lugar adequado para a nudez é ao ar livre, ao sol e na
água. Se nossas convenções permitissem isso, logo a nudez deixaria de ter
qualquer apelo sexual; todos nós teríamos melhor equilíbrio, seríamos mais
saudáveis, devido ao contato do ar e do sol com a pele, e nossos padrões de
beleza coincidiriam mais com os padrões de saúde, já que estaríamos também
preocupados com o corpo e seus membros, e não apenas com o rosto. Nesse
sentido, a prática dos gregos deveria ser louvada”.
Isso se deu numa época em que não
tínhamos ainda tantos estudos científicos que atestam a prática do Naturismo como
saudável do ponto de vista físico e psíquico. Atualmente com um leque de
informações variadas (da minha parte com 3 livros publicados e semanalmente
divulgados nos encontros literários) deveríamos supor que o número de praticantes
do Naturismo crescessem pelo menos na mesma proporção dos habitantes do país ou
no mínimo despertasse a curiosidade de conhecer esse estilo de vida. Nem uma
coisa nem outra.
A Federação Internacional de
Naturismo (INF) já demonstrou algumas preocupações com relação ao
envelhecimento do Naturismo, no Brasil então nem se fala. Alguns países
europeus com extensão territorial muito menor que o nosso e com áreas maiores
dedicadas à prática do Nudismo. De uma coisa tenho certeza, é cultural. No
entanto muitas outras pesquisas, inclusive acadêmicas, poderiam ser desenvolvidas
a partir dessa constatação. Na medicina (já que o naturismo surgiu pesquisando
grupos na recuperação da saúde) será que realmente tem algum efeito benéfico ou
é um placebo? Na psicologia, o que muda no comportamento daqueles que praticam?
Na administração, será que faltam investidores? No turismo, se em muitos países
é considerado uma fonte de renda para a sua população, por que aqui não? Na
biologia, é genético de um povo ou é um condicionamento educacional? E por aí
vai afora tantos trabalhos que poderiam ser desenvolvidos pelos nossos
acadêmicos! No site da Federação Brasileira www.fbrn.com.br
na biblioteca virtual poderão ser encontrados alguns trabalhos recentes muito
interessantes.
O naturista é um rebelde em
potencial. Ele oferece ao mundo uma mudança de consciência, e se a consciência
muda a estrutura da sociedade não pode deixar de mudar. Não se trata de uma
revolução já que nenhuma revolução jamais conseguiu mudar os seres humanos. A
revolução francesa não levou a nada, a revolução russa não levou a nada, a
revolução chinesa não levou a nada, até mesmo a revolução de Gandhi fracassou.
A importância da preservação do
Naturismo é que sem a liberdade do corpo também não teremos a liberdade de
pensamento tanto defendido por Bertrand Russell. Não haverá poesia, não haverá
uma filosofia autêntica sem liberdade porque essa liberdade é a nossa própria
natureza, nascemos com ela e cada vez que há o distanciamento dessa natureza
mais o ser humano se agride e provoca violências. Não é sem propósito que todo
humanista olha diferente para o corpo e defende também o desarmamento. Com Russell
não foi diferente, passou os anos 50 e 60 envolvido com causas políticas,
principalmente relacionadas com o desarmamento nuclear e a oposição à Guerra do
Vietnã.
Nem todo naturista tem a
consciência do que ele representa e da sua responsabilidade porque tudo é um
processo que ocorre gradativamente. O próximo Congresso Brasileiro previsto
para Janeiro na Colina do Sol no Estado do Rio Grande do Sul terá como tema “Não
basta estar naturista, tem que ser naturista”. Há um erro no tema, mas atribuo
a uma deficiência da nossa linguagem; ainda assim consigo entender a intenção, o
que já acho muito válido.
Mas se os nossos jovens ficarem
apáticos atrás dos seus celulares e não houver um crescimento quantitativo e
qualitativo no Naturismo, em poucas décadas restará somente os asilos
naturistas.
Sugiro para o próximo Congresso a
inclusão da pergunta: O que podemos fazer para mudar uma consciência? Pode ser
que a resposta esteja no próprio tema em questão, “assuma o Naturismo com
orgulho e conhecimento de todas as suas implicações”, MAIOR LIBERDADE, MAIOR
SERÁ TAMBÉM A RESPONSABILIDADE.
Evandro Telles
21/10/14