Esse
ano comemoramos no dia 05 de junho o Dia Internacional do Naturismo. Numa
pesquisa mais detalhada das datas comemorativas no site http://www.calendarr.com/brasil/datas-comemorativas-2013/
não encontraremos nenhuma menção com relação a essa data. Iremos encontrar o
dia do carteiro, aposentado e até dos animais, menos do Naturismo. Tenho a
sugestão de trocar essa data para 30/01 que é o Dia da Não-Violência. Sim,
porque desconheço um movimento mais pacífico; inclusive onde as guerras se
instalam o Naturismo desaparece, ele só sobrevive num ambiente de paz, de
fraternidade e de respeito.
O problema do Naturismo é a falta de conhecimento
do que representa esse movimento, até mesmo os mais letrados e intelectuais não
encontram informações nas suas bibliotecas, arrisco dizer que muitos
praticantes também precisam de algumas aulas. A bem da verdade todos nós
precisamos parar um pouco para aprender observar a natureza, o simples ato de
meditar ajuda; a questão é: Como parar num mundo caótico e maluco em que
vivemos? Observem como é grande o número de pessoas correndo para cima e para
baixo e afirmo que não chegam a lugar algum, se tornou um hábito.
Algumas
pessoas me dizem: “é preciso coragem para tirar as roupas”, o que demonstra
como a sociedade condicionou o indivíduo a ficar distante da sua própria
natureza. Alguns naturistas têm medo de se assumir diante dos seus familiares, buscam
a liberdade, mas não a conquistam. Chega perto, mas não abre as portas do
coração. Assim Budha fez a seguinte declaração: “Olhe para o seu coração, siga
a sua natureza”. Isso sim que é preciso coragem, porque a liberdade conquistada
não o fará pervertido, mas um ser humano mais responsável.
Excesso
de bebidas e consumo de drogas não é uma questão de auto-controle, e sim da
infelicidade que o ser humano carrega dentro de si. “Sigmund Freud, depois de
quarenta anos de pesquisa sobre a mente humana, trabalhando com milhares de
pessoas e observando milhares de mentes perturbadas, chegou à conclusão de que
a felicidade é uma ficção, o ser humano não pode ser feliz”. Se ele não pode
ser feliz com a liberdade que o Naturismo pode lhe proporcionar, que é a
liberdade mental, é porque não compreendeu a essência e a riqueza desse estilo
de vida. Ainda não compreendeu que para se intitular como um naturista o
pré-requisito não é somente com relação à nudez, mas também o respeito pelo
espaço do outro.
Se
o Naturismo coloca o homem integrado com a natureza, também o deixa não
fragmentado, seu olhar para com o outro será como se visse no espelho. Os
espaços individuais deverão ser constantemente respeitados e a vida se
manifestaria harmoniosamente. E se tivermos a percepção que essas mudanças são
realmente possíveis iríamos comemorar o dia o Naturismo junto com o Dia Mundial
da Terra, o Dia Mundial da Água, Dia do Amigo, e muitos outros dias mais.
Vejo
que podemos ser agentes de profundas transformações, assim sempre faço a
sugestão aos grupos naturistas dedicarem uma pausa nas atividades para
realizarem momentos de reflexão sobre o Naturismo em muitos dos seus contextos.
Tenho a convicção de que tal prática aliada às realizações de palestras,
apresentações teatrais, leituras e debates deveria constituir uma prática
constante para o crescimento individual e grupal.
Tivemos
nesse fim de semana em São Paulo um bate-papo sobre esse estilo de vida, com a
presença do Vice-Presidente da Federação Brasileira de Naturismo, Leonardo
Spínola de Miranda e me pareceu um resultado bastante satisfatório. Naturistas
ainda têm dúvidas para que serve a Federação. É preciso ser entendido que o
Naturismo está inserido no campo social no qual também somos dependentes, seja
no trabalho, estudo, relações familiares etc. Se não tivermos uma instituição
forte o bastante para provar que a nudez possui benefícios na saúde física e
psicológica, estaremos condenados a um bando de depravados e outros atributos
preconceituosos. A Federação é um órgão normativo que dá respaldo para que a
sociedade passe, no mínimo, a ter um olhar diferente, com mais respeito. Os
índios não precisam da Federação porque a nudez deles já era natural e a nossa
estamos ainda conquistando, ou seja, estamos desconstruindo falsos valores
colocados na nossa formação.
Essas
ações deverão ser estendidas para àqueles que desejam conhecer o Naturismo que ainda
está de fraldas, todos nós podemos nos doar um pouco mais para que essa criança
tenha dignidade. A própria sociedade irá requerer um dia para que o Naturismo
seja lembrado do ser humano no seu estado natural, livre dos preconceitos e em
paz com seus semelhantes.
Evandro
Telles