sábado, 29 de abril de 2017

A SIMPLICIDADE DO NATURISMO



O Naturismo é tão simples que chega a se tornar muito complicado para muitas pessoas, isso porque o ego rejeita o fácil, quer sempre o mais difícil. Até mesmo os problemas devem ser maiores do que os dos outros, alguma coisa é preciso para ser maior e melhor. É assim que começa toda a forma de competição e domínio, mas também um dos mais preocupantes desequilíbrios psicológicos. O indivíduo que se sente inferiorizado diante dos outros quando galga posições de comando, tendem a ser autoritários e ditatoriais.

Se considerarmos a psicologia humana, esse texto será insuficiente para contemplar maiores detalhes sobre a nossa natureza. Tento aqui mostrar o papel relevante e a simplicidade da prática do Naturismo como agente que neutraliza a inferioridade individual. Por outro lado, mexe com as mais diversas estruturas pessoais, será necessário repensar em muitos valores que foram assumidos como verdadeiros, sejam de ordem pessoal ou social.

O homem é um processo constante. Alguma coisa está sempre acontecendo, está sempre a beira do acontecimento. O homem é uma excitação, uma aventura, uma peregrinação. (1)  Não sabe quem ele é, está sempre buscando. Para a prática do Nudismo/Naturismo ele questiona a religião, sua conduta dentro do seu conceito moral e até a ciência têm que atestar as suas crenças. Exemplo disso foi a visita em nosso país do cientista Michael Behe defendendo a teoria do “Designer Inteligente” que diz: Se há o relógio deve haver o relojoeiro. Ficou pior, quem criou o relojoeiro? O próprio Darwin já tinha virado a mesa e feito uma derrubada devastadora dessa teoria. (2)

Não seria mais fácil dizer que não sabemos e continuar a busca? A beleza e o encanto estão justamente na simplicidade e na humildade de reconhecer o que não sabemos. O homem não é um produto acabado, ele é um ser aberto. Tudo é possível, mas nada é certo, não pode ter definição (1). Não é a certeza o que importa, é justamente a dúvida que nos move para aprender novos caminhos, são os nossos questionamentos que nos torna mais humanos.

Viver naturalmente implica em abandonar as roupagens que a sociedade nos coloca, os preconceitos e a inferioridade não podem coexistirem no meio onde os indivíduos possuem mentes livres, nenhum regime político autoritário poderia conviver com o Naturismo. Não deveríamos defender esse estilo de vida em todos os segmentos sociais?

É possível que o problema maior seja a nudez, será? O grupo o qual freqüento permite que o visitante passe um dia mesmo vestido e nunca tivemos algum que se propusesse a vir para conhecer o que representa o Naturismo, está faltando na praça o tipo que questiona e sobrando os meros repetidores. Sobra informação falta conhecimento, muitos em seus celulares e internet com mentes dispersas a tudo que lhes rodeia. “Conhecimento numa mente dispersa é como uma semente infértil” (3).

Isso é preocupante na medida em que os nossos jovens poderão ser facilmente dominados por um discurso bonito, mas não terão a percepção da tirania que terá por trás dele. O distanciamento da leitura, a massificação do intelecto sem os devidos questionamentos e a falta de um contato mais íntimo com a natureza, tem provocado distanciamento do jovem com o Naturismo cuja filosofia defende o respeito e a dignidade do corpo. Provavelmente a culpa seja nossa... Seria bom pensarmos seriamente nisso.

Dr Gerald Crabtree da Universidade de Stanford (EUA) mostra em sua teoria que os humanos estão perdendo sua capacidade intelectual e emocional (4), não estamos formando jovens questionadores que induz ao pensamento crítico e pressione a evolução dos genes. Uma mente livre não pode ser dominada por algo que a maioria acredita ser uma verdade, não é isso que nos tornará melhores e sim a nossa atitude de respeito com as nossas diferenças naturais. Justamente isso é o que o Naturismo defende e tão difícil de entender com a sua simplicidade.

Evandro Telles
29/04/17

(1)   Osho – The Perfect Máster – discurso nº 10
(2)   Richard Dawkins
(3)   Augusto Cury – O Colecionador de Lágrimas


Um comentário:

  1. Gostei, como sempre em relação a outras, desta dissertação do Evandro. Não somos obrigados a estar de acordo com tudo o que ele escreve. E esse é o mérito do Evandro: Ele nos coloca sempre na situação de, livremente, acolhermos seus escritos e podermos sobre eles refletir e nunca para concordarmos forçosamente com ele.
    Para mim, num quadro de atuação específico, como o é a gestão de um espaço naturista, existe sempre um imperativo de disciplina a respeitar, de regras de conduta a serem respeitadas, evitando as derrapagens e, sobretudo, o tratamento desigual em função das diferentes reações individuais a situações idênticas. O NATURISMO não é anarquia – não pode cada um ser livre de fazer e de agir pela sua cabeça, o que, aliás, é válido para toda a vida comunitária.
    O NATURISMO é caraterizado pelo nudismo em grupo. Começa por ser isso. E dessa premissa não se pode sair. Não existe naturista vestido. Isso será outra coisa, respeitável, mas nunca será naturismo.
    Isto dito, nada nos impede de filosofar e de exercer a dialética conducente a se encontrarem denominadores comuns do entendimento das realidades vivenciais no respeito das opiniões alheias, no respeito pelo próximo como manda a nossa filosofia de vida que é o naturismo, valor que também os padrões da moral integram.
    No contexto do naturismo brasileiro, não vejo onde o jovem brasileiro se afastou do naturismo. Me parece, e é uma opinião que sujeito a questionamento, que os jovens brasileiros não têm sido cativados a ter interesse pelo naturismo.
    Arrisco a dizer que é mais fácil, mais desejável e eficaz, “criar” naturistas a partir do berço, no dia a dia, em casa, com os pais e nenéns convivendo nus. Se o fizermos conquistamos adeptos naturalmente para o naturismo: nenéns...crianças...adolescentes...jovens e...adultos naturistas, para um naturismo autêntico num futuro próximo, como fazem alemães, franceses, holandeses, suecos...
    Com uma certeza: esses NATURISTAS de amanhã se assumirão mais facilmente na idade adulta e não se esconderão nunca da sociedade, nos ambientes de trabalho e no convívio social.
    Me releve, Evandro, por eu me ter desviado um tanto de seu tema, mas o seu escrito teve o mérito de me fazer produzir esta reflexão.

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