“Muitas mulheres consideram os homens perfeitamente dispensáveis no mundo, a não ser naquelas profissões reconhecidamente masculinas, como as de costureiro, cozinheiro, cabeleireiro, decorador de interiores e estivador”.
(Fernando Veríssimo)
Seria cômica, se não fosse
trágica, a assertiva bastante apropriada de Fernando Veríssimo acima descrita. Sem
dúvida alguns avanços foram conseguidos na luta para emancipação da mulher, por
outro lado, teve e ainda tem um preço alto a considerar.
A mulher nos dias atuais cuida da
sua casa, da família, do trabalho (direito também conquistado com muito suor e
lágrima) e de si mesma. Pronta no horário para deixar e pegar o seu filho na
escola, ir ao supermercado e não podemos esquecer do Shopping. O resultado não
poderia ser outro, estresse. Ah! Sim, a gente pede que elas arrumem um tempinho
para leitura de um bom livro também. Só pode ser uma piada de muito mal gosto!
O jornal “A Gazeta” do dia
07/03/10, um dia antes da comemoração do Dia Internacional da Mulher, Elaine
Vieira publica sua reportagem com o título “Quer fazer a sua mulher mais feliz?
Dê tempo pra ela!”, mostrando claramente que a falta de tempo prejudica até o
sono delas. Podemos então, questionar os seus limites e se as conquistas foram
até agora libertadoras ou se na realidade afirmamos o machismo (que não deu
certo nem nas administrações das empresas) e um sistema econômico que ficou
privilegiado por reduzir seus gastos com a folha de pagamento.
As mulheres brasileiras recebem,
em média, salários 34% inferiores aos dos homens, a maior diferença registrada
entre os 20 países pesquisados para um estudo divulgado nesta quinta-feira pela
Confederação Sindical Internacional (CSI), com sede em Bruxelas. O Brasil
ocupa pior colocação em ranking de diferenças salariais entre os sexos.
Fazendo uma pesquisa minuciosa na
internet, a maioria cita o direito a voto e ao trabalho como conquistas, não
deixa de ser verdade, mas, o direito de ser tratada em iguais condições ainda
não foi conquistado. A liberdade de expressão dos seus instintos deixa de
existir, fica escondida nos valores ditados por normas sociais que preconizam a
mulher como a mais bela da criação, mas não as deixam livres. Sabemos,
biologicamente falando, que os prazeres sexuais tanto do homem quanto da mulher
são neurológicos, portanto, naturais, não existem motivos para o separatismo.
Divisões estas que chegamos ao
disparate de classificar carros para uso feminino e outros para masculino, sem
falar em perfumes, e tantos outros produtos colocados à venda. Interessa a quem
essas divisões sem fundamento científico algum? Somente para finalidades
mercantis. É interessante separar o corpo da mulher para ser vendida em forma
de revistas pornográficas, filmes e moda. Já dizia Luz del Fuego: “O mundo tem
sido o grande palco da hipocrisia...”
A percepção desse jogo não é para
todas as pessoas, é preciso mente e corpo livres. É necessário entender que é no
conjunto (macho e fêmea) que faz a vida se manifestar naturalmente. Numa
carta-depoimento da Prof.ª Sonia Maria Braucks Rodrigues ao Paulo Pereira em
seu livro “Corpos Nus” ela diz: “Assim, o homem tem duas atitudes equivocadas
em relação ao seu próprio corpo: vestiu-o e despiu-o em nome de culturas
não-naturistas. Tanto a roupa como a nudez como atitudes não-naturais, servindo
do propósito do consumo voraz”.
As roupas sempre esconderam o que
era para ser visto como natural, ficamos reféns dos valores sociais que ditam
as regras e não nos deixam ver que o corpo humano, na realidade, é o templo da
alma. Passamos a ter um culto obsessivo ao corpo que o tempo, com certeza, irá
nos frustrar e trará sérios danos à saúde físico-mental. Allan Kardec já tinha feito
a seguinte observação: “Apegando às aparências, o Homem não distingue a vida
além do próprio corpo, esteja embora na alma a vida real; aniquilado o corpo,
tudo se lhe afigura perdido, desesperador.”
O equilíbrio entre mulheres e
homens nas áreas naturistas sempre é bem vindo, não necessariamente uma pré-condição.
Os homens foram beneficiados com a sua liberdade desde cedo, ainda bebê,
enquanto as mulheres estão ainda adquirindo seus espaços. Com muita dificuldade
tentam vencer seus bloqueios pessoais que lhe foram impostos todo esse tempo,
não existe felicidade onde não há liberdade. Na verdade, o naturismo não é
somente processo de regressão ao passado (dos irmãos aborígines), mas também é
uma evidência de progresso.
No naturismo a mulher é colocada
numa condição nobre e igualitária, não há porque ser diferente. No entanto, a
sua resistência tem demonstrado ser maior do que a dos homens. Acredito que,
por pressões sociais e familiares, se preocupam com conceito de moral. A nudez
humana não tem nada de imoral, simplesmente é natural. É bom que busquem informações
de fontes confiáveis do que representa esse movimento no mundo. É uma questão
de conscientização que infelizmente ou felizmente é preciso ler e sair da
ignorância.
Tenho em minhas mãos, depoimentos
de pessoas que viveram e tiveram experiências com os índios por longo tempo.
Estes nunca viram agressões às suas crianças, e estão nus. Enquanto não são
poucos os casos que são observados em nossa sociedade, dita moralista, dos
abusos sexuais as quais tem sido as nossas infringidas. Eu pergunto: Que tipo de
educação tem sido dada às nossas crianças que valorizam mais as roupas do que
seu próprio corpo? Quanta doença!!!
Estamos comemorando mais uma vez
o Dia Internacional da Mulher, as futuras gerações estão em suas mãos. Então
que sejam de mãos generosas e de mentes livres para que tenhamos menos
agressões e mais amor. Que a liberdade consciente e de respeito seja, não
somente para as mulheres, mas um objetivo a ser alcançado de todas as nações.
Que homens e mulheres possam entender que, unidos representam melhor a imagem
de Deus.
Evandro Telles
07/03/10
Esse artigo foi escrito no ano de
2010 e no ano de 2016 “O Globo” publicou em:
BRASÍLIA - As
disparidades salariais entre gêneros persistem como um obstáculo para o
empoderamento econômico das mulheres e a superação da pobreza e a desigualdade
na América Latina, advertiu nesta terça-feira a Comissão Econômica das Nações
Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a respeito do Dia
Internacional da Mulher.
Embora a diferença salarial entre homens e mulheres tenha
diminuído 12,1 pontos percentuais entre 1990 e 2014, as mulheres recebem, em
média, apenas 83,9 unidades monetárias por 100 unidades monetárias recebidas
pelos homens, de acordo com a CEPAL. Se a remuneração recebida por ambos os
sexos por anos de estudo é comparada, observa-se que elas podem ganhar até
25,6% menos do que seus colegas do sexo masculino em condições semelhantes,
disse que o instituto regional.
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