terça-feira, 15 de novembro de 2016

NATURISMO E OS ANIMAIS







“Enquanto o homem continuar a ser o destruidor dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor” (Pythagoras).

O que o Naturismo tem a ver com os animais? Nada.....ou tudo?
Por diversas vezes tenho sido questionado sobre o consumo de carnes pelos naturistas, no entanto, Naturismo não tem nada a ver se o inivíduo é ou não carnívoro. A proposta é outra; A nudez social impulsiona a pensar e refletir sobre o corpo humano de uma forma diferente, com mais naturalidade e assim evitando a obsessão e proporcionando aceitação de si mesmo.
Aceitar a própria natureza implica autoconhecimento; isso é um problema não só para os naturistas, mas para todo ser humano. Tenho em minhas mãos artigos de médicos que afirmam a necessidade de consumo de carnes para a nossa espécie (1), e outros dizem que matamos sem necessidade, porque não sabemos nos alimentar adequadamente. Afinal de contas nosso corpo precisa ou não de consumir carnes? Não sou médico, sou um naturista na busca do autoconhecimento.
Até mesmo entre os protetores de animais não há consenso, a WSPA, uma organização mundial de proteção animal divide em grupos de: a) Domésticos; b) Trabalho; c) Produção e d) Silvestres. Essa divisão atesta a nossa dependência dos animais e as palavras bonitas de “Abate Humanitário” não me convence. Tudo bem que essa Organização tem realizado belíssimos trabalhos, mas o problema persiste.
Arthur Golgo Lucas diz que é biólogo, ecologista, carnívoro e a favor da caça desportiva. Mas qual o sentido da caça desportiva? Não faz sentido algum. Os argumentos são bons, no entanto, matar por esporte ou para competir não traz benefício nenhum, muito ao contrário.
Qual o problema? Ele diz que a ideia de “proteger os animais” através da proibição da caça desportiva violam tanto a LÓGICA da ciência quanto a LÓGICA econômica. O problema está justamente na LÓGICA. A vida não tem lógica, a morte não tem lógica, o amor também não. São mistérios. A lógica é matemática, é científica e assim a mente eficiente ganha, porque o mundo entende a linguagem da matemática, não do amor.
Por causa da lógica científica as atrocidades da vivissecção permanecem; se justifica. O texto “A Verdadeira Face da Experimentação Animal – Sua Saúde em Perigo” de Sergio Greif & Thales Trêz mostra o lado oposto, não há necessidade disso. Pelo mesmo motivo, homens e mulheres sempre estão em conflitos, um é racional (lógica) e o outro emocional, e assim sempre estão com dificuldades de se entenderem. Nos campos de concentração toda espécie de experimentos foram justificados pela lógica científica. Essa mesma ciência que não vê nenhum problema com os estudos de Kinsey (58.200 crianças raptadas para estudos sobre a pedofilia). A lógica fará o indivíduo cedo ou tarde se voltar contra a vida.
O Vegetarianismo é um sub-produto da meditação que não significa silêncio, nem concentração. Meditação é percepção de que tudo está interligado. Se o sol desaparecer, as árvores desaparecerão; se as árvores desaparecerem, os pássaros desaparecerão; se as árvores e os pássaros desaparecerem, você não poderá existir, desaparecerá também. Isso não é ecologia? Você toca na grama e terá tocado as estrelas. A existência é orgânica. É uma. É uma unidade. (2)
Os jainistas são vegetarianos há milhares de anos. Todos seus 24 mestres vieram da casta de guerreiros. Todos eles comiam carne; eles eram guerreiros profissionais. O que aconteceu com essas pessoas? A meditação transformou toda a visão delas, Não apenas suas espadas caíram de suas mãos juntamente com seu espírito guerreiro, mas um novo fenômeno começou a acontecer: um tremendo sentimento de amor para com a existência. Elas se tornaram absolutamente unas com o todo, e o Vegetarianismo é apenas uma pequena parte dessa grande revolução. O mesmo aconteceu com o Budismo. (3)
Não sabemos até que ponto o Naturismo pode ser associado com o modo de vida naturalista (alimentação sem carnes), é uma ponte ou mesmo um ponto de largada para essas reflexões, mas com certeza não é uma linha de chegada. A viagem é para dentro e não para fora porque temos ainda muito o que aprender sobre a natureza humana.
Mas de uma coisa é certa: Se o Naturismo defende como princípio a harmonia com a natureza, os hábitos alimentares também deverão ser questionados.


Evandro Telles






(1)  Os Mitos do Vegetarianismo, de Stephen Byrnes, ND, PhD;
(2)  A Música Mais Antiga do Universo, editora Verus, Osho;
(3)  Sobre o Vegetarianismo, palestra proferida por Osho







Um comentário:

  1. Sou contra caça esportiva, engordamento forçado de aves ou qualquer coisa do tipo feita somente para agradar o paladar refinado do freguês. Sou carnívoro e não tento converter quem não é, me incomodo com a constante propaganda de "alguns" vegetarianos afirmando que são pessoas melhores que aquelas que comem carne. Se olharmos nossa história, temos desvios muito mais importantes que devem ser corrigidos, do que nossos hábitos alimentares.

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