Em 2009 quando lancei o livro “Verdades Que as
Roupas Escondem” , na orelha da capa está assim escrito: “...que o Naturismo
precisa ser analisado sob uma nova ótica e estudado à luz de novos valores
sociais. Nesses novos valores incluímos a reintegração do homem como parte da
natureza, que nunca foi tão destruída como está sendo nos últimos 50 anos.
Tivemos essa postura por não nos vermos como parte da natureza.”
Atualmente estamos presenciando mais um desastre
ecológico de grandes proporções e sem prazo para recuperar o Rio Doce, com
extensão de 853 km que banha os estados de Minas e Espírito Santo, virou um mar
de lama espalhando a morte por onde passa. Segundo alguns biólogos, o que está visível é
um problema pequeno diante da previsível quebra da cadeia alimentar.
O poema de Carlos Drummond de Andrade parecia
prever o desastre com o “LIRA ITABIRANA”:
I
O Rio? É Doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga
II
Entre estatais
E Multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
Só não é sem berro, há muito tempo que o Naturismo
tem mostrado a importância da harmonia com a natureza com os corpos despidos de
preconceitos, de valores não consumistas que redundam na exaustão dos recursos
naturais. Indicadores econômicos só
encontram o lado positivo no crescimento do volume de produção e na
produtividade do indivíduo. Conceitos e valores como esses começam a ser
questionados se representam realmente desenvolvimento, uma vez que esses
fatores são medidos em função do dinheiro e não da qualidade de vida da
população e têm proporcionado catástrofes da magnitude que estamos
presenciando.
Charles Eisenstein, um americano de 47 anos,
formado em matemática e filosofia e autor de “Economia Sagrada” onde ele diz
que olhamos para a natureza com um olhar de quem apenas vê um monte de coisas e
que isso nos deixa muito solitários e com muitas necessidades básicas para
satisfazer. Vale a pena ver o vídeo que está disponível na internet onde ele
mostra o homem tentando dominar os outros e a natureza.
Eisenstein alerta agora, em 2015, como somos separados da natureza e da
comunidade. Sim, o que o Naturismo já vem propondo de uma forma muito mais
simples desde 1903. Criamos uma cultura compromissada com a competição e não
com a cooperação, obsessiva pela posse e domínio não só das riquezas naturais,
mas também de outro ser humano. Estamos sentindo no próprio corpo as violências
que cometemos contra a natureza, e há quanto tempo o Naturismo vem mostrando
que somos a própria natureza consciente? Pode ser que seja utópico tentar
reintegrar o homem à natureza, nua tal como ela é; pode ser uma voz não ouvida,
mas não consigo deixar de expressá-la.
Olhando a figura no início desse texto penso: Será
que a espécie humana terá algum dia paz por ter sido tão agressiva? Dúvida que
irá permanecer ainda muito tempo.
“Quando olhei a terra ardendo, como uma fogueira de
São João. Eu perguntei a Deus do céu, porque tamanha judiação?”
(Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
Evandro Telles
27/11/15
Nenhum comentário:
Postar um comentário