Acredito que se eu perguntasse
alguém: Quem é naturista? Todos diriam que é aquele que pratica o Naturismo.
Muito bem, então voltamos ao início, o que é Naturismo? A definição como
preconizada pela INF e FBrN, assim diz: “Naturismo (Nudismo) é um modo de vida
em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, que tem
por intenção encorajar o auto-respeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com
o meio ambiente”.
A confusão permanece, “modo de
vida”, o que é vida? Nem os cientistas, biólogos ou professores ainda não
conseguiram definir satisfatoriamente. O que é harmonia? Será que estamos
vivendo mesmo em harmonia com a natureza? Muitos encontros naturistas são
marcados por churrascos, penso que os pobres animais não diriam que se trata de
qualquer tipo de harmonia com eles. O que é natureza? São animais, as plantas
ou a própria natureza humana? Um dos maiores filósofos Espanhol, Ortega, diz
que não temos natureza, temos história. Alguns místicos dizem que cada um
possui a sua própria natureza, então temos que harmonizar com a qual? Nudez
Social, como assim? Nudez física, psíquica ou os dois? Expõe de fato o que
pensamos e somos inteiramente livres para expor sem melindres o que
verdadeiramente pensamos? Tenho fortes dúvidas nessas questões.
Vejam que a definição não passa de uma grande
intenção, ainda não diz o que é. Possivelmente o mais correto seja simplificar
como os alemães, “Culto ao Corpo Livre” ponto. Se não podemos traçar os limites
muito claros com relação ao Naturismo, será que podemos dizer algo sobre o
naturista?
No artigo “Asilo Naturista” disse
e repito: Penso que o naturista seja o potencial para ser um rebelde. Ele
oferece ao mundo uma mudança de consciência, e se a consciência muda a
estrutura da sociedade não pode deixar de mudar. Não se trata de uma revolução
já que nenhuma revolução jamais conseguiu mudar os seres humanos. A revolução
francesa não levou a nada, a revolução russa não levou a nada, a revolução
chinesa não levou a nada, até mesmo a revolução de Gandhi fracassou.
Para o rebelde só um novo ser
humano pode salvar a humanidade e este planeta, e a vida magnífica que aqui extraordinariamente
existe. Mas quando digo que o naturista ainda é um potencial porque na sua
maioria ainda estão presos aos velhos valores sociais, não buscam o
autoconhecimento; conhecer a própria natureza em que tanto defendem e a ciência
envolvida no corpo humano. Conheça a ti primeiro, o resto é consequência. Segundo
Carl Segan, 535 membros do Congresso dos
Estados Unidos, raramente 1% chegou a ter alguma formação científica
significativa no século XX.
Nós naturistas defendemos o
respeito, e quando todo mundo é respeitado pelo que é, quando toda profissão é
respeitada, seja ela qual for, as próprias raízes do crime, da injustiça, são
cortadas. E por que às vezes se esconde que é um naturista? Por causa da nudez? É justamente
por ela que estamos propondo um mundo novo, um olhar diferente, uma vida mais
natural, onde podemos unificar a espécie humana. Isso nos torna rebeldes porque
a sociedade dividiu e a natureza não.
Para mudar esse quadro somente
será possível com pessoas de mente aberta, dispostas a conversar sem impor, aprender
com as experiências do outro, saber avaliar o Naturismo cientificamente, pois é
Ciência. Se misturar conceitos teológicos ao Naturismo em nada ajudará. “Afinal, o que faz alguém pensar que a
teologia é um campo do conhecimento?” (Richard Dawkins).
É fundamental que os naturistas
busquem conhecimento da verdadeira ciência e não da pseudociência. “Em todo
mundo, existe um enorme número de pessoas inteligentes e até talentosas que
nutrem uma paixão pela ciência. Mas essa paixão não é correspondida. Os levantamentos sugerem que 95% dos
norte-americanos são cientificamente analfabetos. Qualquer índice de
analfabetismo próximo de 95% é grave. (Carl Segan).
Se tivesse que definir o
naturista, diria eu que é aquele que busca a sua evolução por um processo
natural como uma reconciliação consigo mesmo e “Toda a nossa ciência, comparada
com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais
preciosa que temos.” (Albert Einstein).
Evandro Telles
06/11/14
Não sei se meu comentário anterior foi publicado, então, vou tentar enviá-lo novamente:
ResponderExcluirTeologia é um campo do conhecimento, sim, assim como o é o conhecimento científico, o popular e o filosófico.
Também discordo de sua assertiva segundo a qual as revoluções teriam dado "em nada". A Revolução Francesa, por exemplo, se contrapôs à ideia vigente até aquela época segundo a qual o Estado seria "um fim em si mesmo", o que permitiu o advento do Estado Moderno, com seus três poderes de freios e contra-pesos.
Praticamente todos os direitos que hoje temos garantidos e dos quais desfrutamos hoje (muitas vezes quase que inconscientemente) são frutos de conflitos políticos e ideológicos que ocorreram em algum momento anterior da história da humanidade.
Obrigado pelo seu comentário. Mesmo em desacordo, não pretendo criar polêmicas de um assunto amplamente estudado antes de ser escrito. Sugiro a leitura dos artigos "A Inutilidade da Teologia" de Richard Dawkins e "Política é uma Doença" de Osho.
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