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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

NATURISMO E AS GUERRAS - parte II


”Os homens nunca praticam o mal de modo tão completo e animado como quando o fazem a partir de convicção religiosa”, escreveu o filósofo Blaise Pascal. De 1500 Até os dias atuais a violência e as atrocidades cometidas pelo homem contra o seu semelhante por falta de tolerância religiosa é de tamanha envergadura que fica difícil acreditar na possibilidade do ser humano ter sido capaz de realizar tanta agressividade.

Se alguém pensa que isso é coisa do passado está muito enganado; a guerra na Síria adquire cada vez mais traços de guerra religiosa, ou seja, ela está se transformando num confronto entre sunitas e xiitas.
(http://portuguese.ruvr.ru/2013_07_30/Tropas-de-Assad-tomaram-a-cidade-de-Homs-6835/). Na Irlanda do Norte protestantes e católicos ainda se hostilizam; na Índia hindus e sikhs se gladiam; na Armênia cristãos e muçulmanos se agridem; no Sri Lanka budistas atacam cristãos e hindus. Marcelo da Luz então questiona e analisa em seu livro “Onde a Religião Termina?” dada a onipresença da violência religiosa, é esta apenas uma conseqüência acidental das manifestações de credulidade ou é a própria religião, na sua conjuntura estrutural, o gatilho armado à deflagração da violência? É a religião vítima da manipulação de outros agentes alheios aos seus princípios, ou está nela plantada a raiz da violência?

James A. Haught em “Perseguições Religiosas” faz um relato da história do fanatismo e dos crimes religiosos sumarizados nos últimos nove séculos que nos deixa perplexos de como tem sido a evolução da nossa espécie.

Eckhart Tolle em “O Despertar de Uma Nova Consciência” afirma que as religiões, numa grande medida, firmaram-se como forças divisoras em vez de unificadoras, e que a nova espiritualidade, a transformação da consciência, está surgindo em grande parte fora das estruturas das religiões institucionalizadas.

Qual é o verdadeiro problema? A questão é que os conflitos surgem quando um grupo de pessoas assume ser detentora da verdade e todos os outros estão errados e assim como são contra a Divindade devem ser perseguidos e aniquilados. Como vivemos no mundo da dualidade sempre existirá alguém com pensamentos opostos ao seu. O que o homem do século XXI precisa na atualidade é de TOLERÂNCIA E RESPEITO.

Surge o Naturismo no início do século XX como uma força propulsora que mais cedo ou tarde irá o indivíduo refletir sobre a sua própria natureza e irá concluir a inexistência da verdade absoluta. Toda a natureza é integrada, fragmentada na mente do homem que tem dificuldades de perceber a totalidade. O dia é a continuidade da noite, a morte é a continuidade da vida, nada pode ser separado, tudo é integrado. Não pode haver separatismos dentro do movimento naturista, nem mesmo manifestações políticas e religiosas em respeito à individualidade das pessoas e a universalidade da natureza.

No entanto, a prática do Naturismo consciente requer desprendimento, tanto corporal como mental, o que tem tornado difícil para o homem moderno que criou para sua natureza problemas de diversas ordens, poucos percebem a poesia do corpo e muitos o sexo. Não só isso, também tem dificuldades de aceitação da sua própria natureza, não se sentem bem com ela. Toda a natureza é nua e não há dificuldade alguma, só o homem que cria embaraços, desestrutura e provoca desequilíbrios. Algo deu errado na sua construção! Buda tem razão quando diz: Viva em alegria, em paz, mesmo entre os perturbados.

O biólogo Arthur Golgo Lucas escreve com muita propriedade seus argumentos contrários à nudez em manifestações políticas, e ele tem razão, a nudez naturista não é para convencer a sociedade de nada, na verdade é para proporcionar transformações em si mesmo. As mudanças sociais devem ocorrer a partir do próprio indivíduo.  

Osho no seu livro “Alegria – A Felicidade que Vem de Dentro” cita que o problema não é a guerra, e as marchas de protesto não irão ajudar. O problema é a agressão interior nos indivíduos. As pessoas não estão à vontade consigo mesmas, daí precisar haver a guerra; do contrário, essas pessoas enlouquecerão. A cada década uma grande guerra é necessária para descarregar a humanidade de sua neurose.

Por que acham que defendo publicamente o Naturismo sem impor a minha nudez? Porque ainda tenho a utopia que o ser humano ainda possa viver em paz.


Evandro Telles
07/08/13


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