Publicado: 28/08/2015 17:04
BRT Atualizado: 01/09/2015 10:45 BRT
Estudos acadêmicos
podem ser fascinantes... e muito confusos. Decidimos tirar todos os jargões científicos e explicá-los para você.
O CENÁRIO
Com toda a pressão para as mulheres parecerem esticadas, magras e eternamente jovens, a auto objetificação infelizmente é a regra nos dias de
hoje. Os pesquisadores começam a acreditar que o auto julgamento não afeta só
nosso estado mental – a vergonha do corpo pode nos deixar fisicamente doentes.
A ideia é que os
padrões estritos de beleza – que contribuem para a vergonha do corpo – muitas
vezes fazem as mulheres se sentirem mal a respeito
de suas funções corporais (como menstruação e suor). Isso pode
fazer as mulheres tentar esconder essas funções, o que por sua vez pode causar
problemas de saúde.
Para investigar, a
pesquisadora Jean Lamont, da Universidade Bucknell, realizou dois pequenos
estudos.
A PREPARAÇÃO
No primeiro estudo, Lamont pediu que
177 estudantes universitárias respondessem um questionário com frases como “Sinto vergonha quando tenho de usar tamanhos
maiores de roupa”; “Tenho confiança de que meu corpo vai comunicar o que é bom
para mim”; e “Sempre me sinto vulnerável a doenças”.
As participantes tinham de responder
o quanto concordavam ou discordavam das afirmações. Lamont usou as respostas
para medir a vergonha que cada participante tinha do próprio corpo, como elas
respondiam ao corpo e como avaliavam sua própria saúde.
Depois, as mulheres relataram quantas
infecções tiveram nos últimos cinco anos – como bronquite, pneumonia e
candidíase – além de episódios de náusea, dor de cabeça e diarreia. Cada mulher
também avaliou sua saúde numa escala de um a cinco.
Mas Lamont queria acompanhar os
resultados num prazo mais longo, para garantir que eles não sofressem
influência de depressão, cigarro ou índice de massa corporal (IMC).
Então ela fez uma versão longitudinal
do estudo para controlar essas três variáveis. Nessa versão, ela pediu que 181
estudantes respondessem o mesmo questionário em dois pontos diferentes do
semestre, uma vez em setembro e outra em dezembro (época em que há mais
ocorrência de doenças infecciosas como gripe, bronquite etc., segundo o
estudo).
OS RESULTADOS
Finalizados os dois
estudos, Lamont descobriu que mulheres que tinham mais vergonha do
corpo deram notas mais baixas para sua saúde e relataram mais infecções desde a
adolescência. Os resultados se mantiveram no grupo controlado para depressão,
cigarro e IMC.
Além disso, o segundo estudo mostrou
que mulheres com mais vergonha do corpo tiveram mais infecções entre o primeiro
e o segundo questionário. Isso sugere que a vergonha do corpo relatada pelas
mulheres em setembro pode ter contribuído para infecções reportadas em
dezembro.
Por que isso acontece? Lamont sugere
a seguinte correlação: a vergonha do corpo indica má saúde, porque esse
sentimento pode levar as mulheres a prestar menos atenção aos sinais do corpo e
a avaliar incorretamente o estado de saúde.
A CONCLUSÃO
O estudo levanta a
questão: se tantas mulheres se sentem mal com seus corpos, qual é o real
impacto disso na saúde? Isso é algo que ainda não se sabe – a escala do estudo foi
muito pequena, e os resultados têm limitações, pois Lamont dependia dos
sujeitos do estudo para obter os históricos de saúde (um problema conhecido nesse tipo de pesquisa).
Ainda assim, os estudos sugerem que
estar de mal com o corpo pode potencialmente prejudicar a saúde física, além de
oferecer insights sobre o porquê dessa relação.
De qualquer modo, que esse estudo
seja mais um motivo para amar o próprio corpo. Sentir-se culpada por um pedaço
de chocolate, ou se penitenciar porque você não é parecida com celebridades ou
modelos photoshopadas pode ter consequências muito mais graves além do mau
humor.