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quarta-feira, 30 de julho de 2014

X ENCONTRO BRASILEIRO DE NATURISMO

(carta de Valdemir Rodrigues de Andrade)


Amigos naturistas, bom dia. 

O X EBN - Encontro Brasileiro de Naturismo foi simplesmente um marco, que marcou a história e a mente de quem esteve no evento. Devo reconhecer que a energia que fluiu de todos os participantes, de todas as partes do imenso Brasil e a troca respeitosa com a comunidade da Vila de Massarandupió, foi indescritível. 

Houve tempo para tudo. Reuniões da Diretoria, dos Conselhos, Plenária,  da equipe de apoio, das rodas de samba, das brincadeiras, das trilhas ecológicas, da belíssima e inesquecível chuva na praia, das entregas de reconhecimentos entre as associadas, certificações de áreas naturistas, afiliação de novos grupos, de abraços, de carinho entre as diversas culturas ali representadas, e muito amor uns pelos outros. 

Naturismo é isso! Fraternidade verdadeira, amplitude de ações, aceitação de si e do próximo, diferenças que não distanciam e muito pelo contrário; atraem! 

Foi inesquecível, educativo, inigualável. Estamos crescendo, não em números (apenas, mas também) e sim, e principalmente, na qualidade do conhecimento sobre o que é ser naturista. Pessoas que se importam com a comunidade local, com as carências da localidade onde se encontra, do recolhimento do lixo que o amigo deixa cair, da mão estendida em direção ao diferente, do sorriso grato pelo simples fato de alguém estar ali, bem pertinho da gente. 

Como é bom saber que isso existe, assim como a natureza que se renova a cada corte, que brota das destruições, que insiste em permanecer, assim é o naturista, homem e mulher que insiste em existir com toda a leveza do ser, sem cargas nenhumas de paradigmas ou definições existenciais, mas com uma forte e inesgotável disposição de mutação, de ser hoje diferente de ontem para se encaixar na natureza da vida, tal qual é a natureza, que nativa não tem ordem, nem separação por espécie, uma nascendo e crescendo à sobra da outra, se enroscando na forma da outra sem cismas, sem preconceitos, apenas acontecendo com a fluidez natural da vida harmônica do existir sem porquês, apenas sendo! 

Naturista é isto. Somos o que somos, e somamos aos que são, vivemos! Sem cobranças, sem contas, nem medos, nem desesperos, sem olhares de malícia, sem olhares curiosos, sem olhares maldosos, apenas sendo na vida uma partícula do todo, sem dívidas com o outro, já que fazemos a nossa parte e quando dá, até a do outro, para que o todo se beneficie e não apenas um, ou outro. 

Que comunidade linda estamos construindo. Que mundo maravilhoso estamos despertando. Obrigado a todos os naturistas! 

Destaco um trecho da matéria feita pelos jornalistas do site www.camacarifatosefotos.com.br/ que cobriram o evento, aos quais já parabenizo e convido a todos que leiam atentamente e admirem a visão de quem chega e vê o naturismo brasileiro!

"Mas, o resultado é que o X Encontro Brasileiro de Naturismo, deixou valores para quem realmente soube se desnudar (em todos os sentidos), sobretudo de conceitos pré-concebidos. E olhar ao seu redor, olhar para as pessoas que estiveram do seu lado durante três dias de convívio, encontrar o significado delas, alguns mesmo que, até ali apenas um estranho, e perceber que o ser humano mesmo com seus defeitos particulares consegue emanar suas virtudes sob o olhar aprovador da Natureza, para essa gente, não teve nem jamais terá medida que consiga medir." (Fonte: CFF/Milagros Diaz) 

Com admiração, respeito e gratidão. 

Valdemir Rodrigues de Andrade
Diretor de Divulgação da FBrN
Conselheiro Maior Região Centro-Oeste



terça-feira, 8 de julho de 2014

O NATURISMO DE PAUL GAUGUIN




Na década de 1890, Gauguin viveu no Taiti e produziu uma série de telas que constitui a parte mais conhecida de sua obra. Seus quadros dessa época registraram o espaço natural e a vida simples das pessoas livres das imposições culturais da civilização ocidental. As telas acima “Duas taitianas com folhas de manga – 1899” e “O Cristo amarelo – 1889” são algumas entre tantas outras produzidas pelo pintor que parte para o Taiti em busca de novos temas e para se libertar dos condicionamentos da Europa.

Após a Quinta Exposição Impressionista realizada em 1880, “L’Art Moderne” publica a respeito de “Estudo de Nu ou Suzanne Costurando”: “Entre os pintores contemporâneos que trabalham o nu, nenhum foi capaz de representá-lo com tão veemente realismo...Gauguin foi o primeiro artista em muitos anos que tentou representar a mulher de nossos dias...Seu sucesso é completo, ele criou uma tela ousada e autêntica”.



Foi inaugurada no dia 30/06 em Vitória ES a Fábrica de Ideias. Um espaço dedicado à economia criativa e ao empreendedorismo que, segundo os organizadores, uma oportunidade para inovação e destaques da criatividade. Exceto quando essa “criatividade” faz referência à arte da nudez humana. Sim, a fachada ganhou um painel de 250 metros quadrados de autoria do artista plástico Emílio Aceti. Inspirado na obra de Paul Gauguin foi pedido (eu li obrigado) que fizesse uma “simples” modificação na sua obra que o mesmo considerou um desrespeito para com a arte.

   

Não minto, tive a sensação de estar vivendo na época medieval em que Galileu teve que retratar suas descobertas científicas. Em pleno século XXI onde já se diz que “O Futuro Chegou” o que vejo é que as pessoas estão sempre querendo se ajustar a uma sociedade neurótica e doente. A obra de Paul Gauguin foi alterada, a arte de Emilio Aceti foi desvalorizada. Ninguém tem o direito de querer mudar a criatividade de um artista, mesmo porque as intuições têm origens que nem mesmo o seu autor sabe de onde elas chegam, mas que precisam ser expressas daquela forma. Quando alteradas, a beleza se perde como num passe de mágica, a poesia ficou escondida no interior do poeta, e por causa disso o encanto morreu.

Elcylio Antunes Neto em seu livro “O Evangelho Segundo Aquenaton” apresentado no encontro literário “Café com Letras” no dia 03/07/14, na página 42 diz: “O que chamamos de maldade não vem de figuras míticas, mas do nosso interior quando está repleto de ignorância.”

O indivíduo com o seu falso moralismo não consegue conceber um mundo mais natural onde possa prevalecer uma nova concepção do corpo humano, ele joga para fora toda a maledicência que possui dentro dele impregnado na sua formação. Esse mundo onde o corpo possui dignidade existe sim e não é utopia, chamamos de Naturismo.

Evandro Telles
08/07/14